Muitas vezes estas doenças, tendem a ser confundidas (localizam-se todas na boca) e muitas vezes não são bem compreendidas. Por este motivo, decidi “falar” de cada uma, de forma a perceberem os sintomas, as semelhanças e as diferenças entre as três patologias.
Amigdalite
O que é?
É uma infeção das amígdalas que são duas proeminências de tecido linfoide (que desempenham uma função defensiva) localizadas nas faces laterais da orofaringe. O tecido interno das amígdalas tem a capacidade de detetar, identificar e eliminar os agentes infeciosos (vírus e bactérias). Esta função defensiva é muito importante durante a infância, mas a partir da adolescência o seu papel diminui (há exceções), motivo pelo qual é nesta fase que é mais frequente a amigdalite. A infeção bacteriana (necessário antibiótico) é mais prevalente a partir dos 3 anos, mas também pode ser originada por vírus (mais frequente até aos 2 anos de idade). Dentro das bactérias o estreptococos do grupo A é o agente mais encontrado e nos vírus encontramos o EBV (da mononucleose), Influenza e Parainfluenza.
Como se manifesta?
Maioritariamente, inicia-se de forma súbita, com os seguintes sintomas associados:
– Febre alta (muito alta, com picos por vezes de 40ºC em 4h/4h que se inicia com arrepios e tremores na maioria dos casos)
– Dor de garganta, voz nasalada
– Dores de cabeça
– Mal-estar geral / Prostração (diminuição da atividade)
– Aumento dos gânglios do pescoço (órgãos de defesa também)
Quando alguém infetado, espirra, tosse ou fala, libertando partículas de saliva. Muito frequente nos infantários (na mesma sala) ou no agregado familiar.
Diagnóstico
É quase sempre baseado na observação clínica do doente (história clínica, características das amígdalas). É frequente nas urgências ser feita a análise “do cotonete” (exsudado) que dará um resultado em 10 a 15 minutos (por vezes existem falsos negativos).
Tratamento
– Antipiréticos (para baixar a febre – Ben-u-ron/Brufen nas doses corretas).
– Antibiótico (se for bacteriana: o mais frequente)
– Alimentação líquida à temperatura ambiente e sem insistência (não esquecer que a criança habitualmente tem dificuldade em engolir a saliva, quanto mais comida…).
Evolução
– Habitualmente a evolução é favorável, com melhoria após as 48h de antibiótico.
– Em algumas situações, as amigdalites tornam-se crónicas (múltiplos episódios sucessivos) e nestes casos há necessidade de cirurgia para extração ou diminuição das amígdalas (o Otorrinolaringologista é soberano nesta decisão, após avaliação da história clínica).
Faringite
O que é?
É uma inflamação da faringe, localizada entre as amígdalas e a laringe (é a “parede” da garganta) provocada, em geral, por vírus mas também com frequência por bactérias.
Habitualmente, surge de forma mais insidiosa ou seja mais lenta.
- Febre (habitualmente não tão alta como na amigdalite)
- Dor de garganta (por vezes mais intensa que na amigdalite)
- Mal-estar geral (prostração não é tão habitual)
- Aumento dos gânglios do pescoço (de igual maneira)
Modo de contágio
Igual à da amigdalite (partículas de saliva infetadas)
Tratamento
– Antipiréticos e anti-inflamatórios (para baixar a febre e diminuir a inflamação)
– Antibióticos, se for de origem bacteriana (menos frequente que na amigdalite)
– Alimentação líquida (do mesmo modo que na amigdalite)
Evolução
Habitualmente favorável e transitória (3 a 5 dias) se for viral. Igual evolução à da amigdalite se for de origem bacteriana (necessário antibiótico).
Laringite
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